Os maiores campeões do país com uma equiparação de títulos que faça sentido

Sou contra a equiparação dos títulos de âmbito nacional como se todos valessem pelo campeonato brasileiro, reivindicação dos clubes campeões desses torneios entre 1959 e 1970. Até acho razoável, admissível, que se considere título nacional o torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, realizado nos quatro anos que antecederam o primeiro campeonato rotulado de brasileiro, o de 1971. Mas daí a colocar a Taça Brasil no mesmo patamar, convenhamos, é demais.

O que era a Taça Brasil? Uma Copa do Brasil com critérios que levavam os clubes a disputá-la diferentes dos atualmente aplicados. Abaixo, o número de jogos disputados pelos seus campeões. Era um pequeno mata-mata, na maioria das vezes menor do que a competição atualmente realizada nesse formato. E seu único campeão a jogar mais de dez partidas, o Bahia, só o fez porque precisou disputar a fase regional, preliminar, como o Cruzeiro, segundo vencedor da Taça Brasil que mais vezes entrou em campo para ganhá-la.

Cruzeiro campeão da Taça Brasil em 1966 após a disputa de oito partidas

O Robertão não reunia times de todos os Estados do país, mas tinha participantes das praças mais representativas, centros que eram os mais fortes. E era tão campeonato quanto os realizados entre 1971 e 2002, quando inúmeras fórmulas foram adotadas no Brasileirão, até a chegada dos pontos corridos. Embora admita que possa ser aceito como título equivalente ao campeonato nacional, é inegável que se isso ocorrer os ganhadores do Rio-São Paulo poderão reividicar o mesmo, por critérios idênticos. Mas esse é outro debate.

Observe nas listas abaixo que em 1967 o Palmeiras ganhou a Taça Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa. Então vamos somar os dois títulos como campeonatos nacionais? Se for assim o Cruzeiro poderá pedir o mesmo, afinal, em 2003 ganhou o Brasileirão e a Copa do Brasil. E todos os demais títulos do atual torneio de mata-mata deverão valer como o Brasileirão. Claro que não é bem assim, não é nada difícil perceber. Basta um pouco de atenção e equilíbrio na análise.

Pelé e Garrincha fizeram a final da Taça de Prata de 1962: deu Santos

Fica evidente a contradição dos que reivindicam a unificação como se fosse tudo a mesma coisa, uma lamentável tentativa de manipular a opinião das pessoas, de iludir quem não conhece bem a história. E a história tem que ser contada direito, como ela aconteceu.

Taça Brasil
1959 - Campeão: Bahia - 12 jogos
1960 - Campeão: Palmeiras - 4 jogos
1961 - Campeão: Santos - 5 jogos
1962 - Campeão: Santos - 5 jogos
1963 - Campeão: Santos - 4 jogos
1964 - Campeão: Santos - 6 jogos
1965 - Campeão: Santos - 4 jogos
1966 - Campeão: Cruzeiro - 8 jogos
1967 - Campeão: Palmeiras - 5 jogos
1968 - Campeão: Botafogo - 7 jogos

Fluminense campeão do Robertão em 1970: última edição do torneio

Roberto Gomes Pedrosa
1967 - Campeão: Palmeiras - 20 jogos - 15 participantes de 5 Estados
1968 - Campeão: Santos - 19 jogos - 17 participantes de 7 Estados
1969 - Campeão: Palmeiras - 19 jogos - 17 participantes de 7 Estados
1970 - Campeão: Fluminense - 19 jogos - 17 participantes de 7 Estados

Pelo critério que o blog considera aceitável, tendo o Robertão como o equivalente ao campeonato nacional e a Taça Brasil igualada à Copa do Brasil, os rankings de campeões ficariam assim:

Campeões Brasileiros
6 títulos: São Paulo e Palmeiras
6 títulos: Flamengo*
4 Corinthians e Vasco da Gama
3 Internacional e Santos e Fluminense
2 Grêmio
1 Atlético-MG, Atlético-PR, Cruzeiro, Botafogo, Guarani, Bahia, Coritiba e Sport Recife*

* considerando Flamengo e Sport campeões de 1987, e por favor, não vou mais debater esse assunto, posts anteriores deste blog já o trataram com a devida profundidade.

Palmeiras campeão do Robertão em 1969: "campeonatos" do clube seriam seis

Campeões da Copa do Brasil
6 títulos: Santos

5 títulos: Cruzeiro e Santos
4 títulos: Grêmio
3 títulos: Palmeiras e Corinthians
2 títulos: Flamengo
1 título: Bahia, Botafogo, Fluminense, Sport Recife, Criciúma, Internacional, Juventude, Paulista e Santo André