
10. Grêmio 1-5 Atlético Paranaense, Olímpico (2002)
O ano de 2001, apesar de não ter acabado tão bem, fora excelente para o Grêmio: campeão gaúcho e da Copa do Brasil; semifinalista da Mercosul; e quarto-de-finalista do Brasileiro. Assim, o ano de 2002 prometia, com Libertadores e tudo o mais. O Grêmio só foi perder a invencibilidade na 13ª partida, terminou em primeiro seu grupo na Libertadores e se classificou às semifinais da Sul-Minas. Aí chegou a vez dos mata-mata, do time copeiro e peleador; tudo mudou. Na quarta-feira, haveria um jogo pelas oitavas-de-final da Libertadores contra o River em Buenos Aires; antes, a partida de ida pela semifinal da Sul-Minas em casa contra o Atlético Paranaense. Não se sabe no que os jogadores do Grêmio estavam pensando quando entraram em campo naquele 20 de abril, mas certamente não era no adversário. O time não jogou nada, e um Furacão devastou o estádio Olímpico: humilhantes 5-1, com direito a ?olé?. Menos mal que o time ganhou em Buenos Aires, mas a vitória no jogo seguinte não compensou o vexame da maior goleada sofrida em casa contra os paranaenses.
9. Caxias 3-0 Grêmio, Centenário (2000)
Dois mil é o ano do deslumbramento na Azenha; ano de ISL, de time rico europeu; ano de Astrada e de Amato. 2000 é ano de fracassos retumbantes fora e dentro do campo. O Grêmio lutou para que se mudasse o regulamento do Gauchão no meio da competição, exigiu que saldo de gols fosse usado como critério de desempate na final. Afinal, chegava à decisão como avassalador campeão do Segundo Turno enquanto o adversário - Caxias, campeão do Primeiro Turno - sofria para conquistar seus parcos pontos. O ?Imortal? não queria saber de perder acidentalmente por 1-0 em Caxias, golear na volta e ter que encarar uma prorrogação. Quando os serranos aceitaram a alteração sem reclamar, era sinal de que algo no planejamento tricolor estava equivocado. Tudo ficou claro em 14 de junho; numa partida impecável, o ?Grená? enfiou 3-0 no pedantismo capitalino e o jogo de volta virou um inferno para o ?Tricolor?. O fato foi que não adiantou todo esforço na volta, o 0-0 (com direito a pênalti perdido pelo Grêmio) deu o título ao Caxias, que teria sido campeão com qualquer regulamento.
8. Grêmio 1-2 G. E. Brasil, Olímpico
O ano anterior já tinha sido terrível. O Grêmio havia ganho a Copa do Brasil, é verdade, mas desde aí, só colecionara fracassos: Libertadores, Gauchão e Brasileiro. Mas como nada é tão ruim que não possa piorar, 1998 ainda estava por vir, e, com ele, Sebastião Lazaroni. Em março, o Grêmio foi eliminado da Copa do Brasil pelo São Paulo com duas derrotas. Em maio, dupla eliminação: na Libertadores, pelo Vasco; e no Gauchão pelo Brasil. A derrota na competição continental foi normal e seria indolor não fosse o vexame protagonizado dias antes no estádio Olímpico. Grêmio e Brasil entravam em campo, no Olímpico, naquele 9 de maio - para mais ?um ?derby? do futebol gaúcho?, como definiu Lazaroni para disputar a partida de volta das quartas-de-final do Gauchão; na ida, no Bento Freitas, 0-0.
Lazaroni estava com o espírito de clássico tão encarnado que provocara o rival no jogo anterior, ensinuando que deveria haver exame anti-?doping? no campeonato. Pois ele não poderia ter dopado melhor o adversário. Resultado: uma devastadora derrota por 2-1 em casa, uma vergonhosa eliminação prococe no Estadual, e a despedida do treinador - que jamais deveria ter pisado no Olímpico.
7. Internacional 6-0 Grêmio, Timbaúva (1934)
Essa é do tempo do ?epa?, mas impossível não figurar na lista. O Grêmio havia sido o campeão municipal de 1938 pela liga independente, não-filiada à Federação; aliás, tricampeão. Em Porto Alegre, só dava Grêmio! Naquele ano, o ?Tricolor? ganhara os dois clássicos disputados pela Liga (3-1, 4-3) e empatara um amistoso (4-4) disputado no mesmo estádio da Timbaúva onde os tradicionais rivais voltavam a se enfrentar naquele 1º de novembro. Nesse dia, no entanto, só o Grêmio disputou um amistoso; o Internacional queria acabar de uma vez por todas com a superioridade gremista. Os tricolores passaram a partida inteira correndo atrás dos colorados e buscando a bola no fundo das redes. O estrago só não foi maior porque o árbitro anulou cinco dos onze marcados pelo Inter, sob a alegação de que seis eram suficientes para um Gre-Nal.
6. Grêmio 2-5 Internacional, Olímpico (1997)
Depois da eliminação na Libertadores e da arrancada fulminante do Fabiano na final do Gauchão, o Grêmio perdeu totalmente o rumo. A era vencedora que durou do Gauchão de 1993 à Copa do Brasil de 1997 terminara. Na segunda rodada do Brasileiro já ficara claro qual época que se iniciava na Azenha; a retumbante e assutadora goleada de ?1, 2, 3, 4, 5, 6 a 0?, como mancheteou o Correio do Povo, para o Goiás era só anúncio de que coisas muito piores estavam por vir. Daquele jogo, em 9 de julho, até o Gre-Nal de 24 de agosto, o Grêmio ainda levaria outras duas goleadas (em sete jogos) por 3-0, contra Portuguesa e Santos. O Grêmio chegava ao clássico com 9 partidas disputadas, 2 vitórias, 4 empates e três derrotas; todas as três por goleada. A defesa já havia sofrido 18 gols. O jogador que iria resolver os problemas - Beto!? - tinha chegado naquela semana. Mesmo assim, recebeu a 10 e foi para campo. Já no invicto Internacional (7v, 3e), o ataque havia feito 21 gols em 10 jogos.
O prenúncio não era dos mais positivos para o ?Imortal?. O jogo foi conturbado, com várias expulsões. O que se viu foi um massacre. Uma enorme sensação de ?déjà vu? toda vez que lançavam a bola na ponta direita do ataque colorado. Os contra-ataques iam acontecendo na mesma porporção que os gols eram empilhados. Ali, nasceu a lenda do ?Uh! Fabiano!?, uma lenda tão eterna quanto o Gre-Nal?
5. Grêmio 0-0 Cerro Porteño, Olímpico (1990)
O título ?Vexame Olímpico? é a manchete da Placar sobre a participação do Grêmio na Libertadores de 1990. O clube voltara à Libertadores depois de cinco anos de ausência. O sonho da reconquista da América calentava novamente corações e almas da torcida gremista. A competição, no entanto, era distinta daquela do começo dos anos oitenta. Se antes, na Fase de Grupos, classificava só o campeão de cada chave, passaram a classificar-se três; apenas o último seria eliminado. Emparelhados brasileiros e paraguaios, o começo, contra o Vasco da Gama, até que foi promissor: 2-0, em casa. Todavia, fora de casa, o time foi um fracasso: duas derrotas no Paraguai e um empate no Rio (que valeu o título da primeira e única SuperCopa brasileira). Ainda assim, o Grêmio chegou para as duas últimas partidas em casa em terceiro lugar, à frente do Vasco. O Grêmio dependia só de si, no Olímpico, para se classificar. E esse foi todo o problema. Na partida contra o Olímpia, o ataque funcionou, mas um desastre defensivo fez com que a partida terminasse empatada em 2-2. Graças à vitória do Vasco sobre o Cerro, bastava uma vitória na última rodada contra o ?Ciclón? para o Grêmio conseguir a classificação. Graças ao novo regulamento, mesmo sem vencer há quatro jogos, o ?Tricolor? chegou vivo à última rodada e com grandes chances de passar de fase. No entanto, o que se viu na última partida foi uma equipe perdida e sem inspiração. O placar em zero, mais que o resultado do jogo, mostrava a nota do time na competição. Com 75% de chances de se classificar, o penta-campeão gaúcho à época foi eliminado.Um vexame de proporções continentais.
4. Botafogo 3-1 Grêmio, Caio Martins (1991)
O Grêmio fora a melhor equipe do campeonato brasileiro de 1990. Fosse por pontos-corridos, dificilmente teria perdido o título, mas como havia mata-mata acabou em 3º lugar, eliminado pelo São Paulo nas semifinais quando era o grande favorito. Assim, nada mais natural que a equipe fosse apontada no campeonato seguinte como favorita ao título; afinal, o time era praticamente o mesmo e, por uma inversão do calendário, a nova edição começou logo após o encerramento da anterior.
No entanto, as expectativas não se confirmaram. Bom, fosse só isso e a torcida do Grêmio se daria por satisfeita. Foi pior, muito pior. Não se sabe as causas do problema, mas o time de 1991 não era sequer um fantasma daquele do ano anterior. O que se viu foram jogadores desinteressados, partidas medíocres e uma seqüência de doze partidas consecutivas sem vitória (5e, 7d), num campeonato de 19 rodadas. O time se recuperou um pouco nas rodadas finais, vencendo duas partidas e perdendo ?apenas? duas. Somados a um empate, o Grêmio chegou a última rodada fora da zona do Rebaixamento, em 18º lugar entre 20 equipes. O problema é que seus adversários diretos jogavam em casa; só o ?Imortal? sairia dos seus domínios naquele 19 de maio. E a campanha do ?Tricolor? fora de casa até então era?, bem os números falam por si: 8 jogos, 0 pontos, 0 vitórias, 0 empates, 8 derrotas, 4 gols feitos, 16 gols sofridos, -12 de saldo, 0% de aproveitamento.
A esperança, pois, residia nas partidas no Nordeste. Para não cair era necessário que o Vitória perdesse para o Fluminense e o Sport não vencesse o Flamengo. Afinal, o resultado contra o Botafogo, derrota por 3-1, era mais do que esperado. Os baianos até fizeram sua parte, mas a vitória do Sport acabou por rebaixar o Grêmio à Segunda Divisão. De melhor time do Brasil à Série ?B? sem escalas. O Grêmio conseguiu?
3. Grêmio 2-6 Internacional, Olímpico (1954)
Amistoso (Inauguração do Olímpico)
Em setembro de 1954, o Grêmio inaugurou sua nova casa. Saíra do Moinhos de Vento, da acanhada Baixada, para a Azenha, do moderno e imponente estádio Olímpico. Os gremistas, sem ter com o que se orgulhar dentro do campo, estavam empolgados com a praça esportiva. O Eucaliptos, do maior rival, parecia um campo de várzea perto do novo reduto tricolor. E, como os clubes passaram a ser vizinhos, o estádio parecia um monumento provocativo aos colorados. Após ver o tradicional adversário empilhar títulos (12 em 14 temporadas) e vitórias nos clássicos (entre 1940 e 1954, foram 42 vitórias em 73 confrontos), finalmente o Grêmio era o maioral em alguma coisa na cidade. Mas a festa não pararia por aí. Os dirigentes tricolores resolveram convidar o rival para um Gre-Nal em comemoração pela mudança. À época, era isso que a etiqueta pregava fazer, mas isso demonstrou ser um equívoco monumental.
Entorpecidos pela beleza da nova residência, os cartolas do Grêmio esqueceram-se do histórico recente do clássico, em que o Inter venceu cinco das últimas seis partidas, uma delas por 5 a 1. Para o Internacional, essa era a revanche pelo acinte de construir um estádio muito maior que o seu a poucos quilômetros de distância de sua própria casa. O resultado foi um histórico 6-2, a ponto do goleiro gremista abandonar o campo. Voltou à partida por orgulho, depois de ser ridicularizado pelos jogadores adversários. A indignação, entretanto, não foi suficiente para evitar mais gols vermelhos. Com a goleada, o Internacional marcou a nova casa gremista, mostrando quem ainda mandava na cidade e azedando a festa tricolor.
2. Guarani 2-0 Grêmio, Brinco de Ouro (2004)
A escolha dessa partida, ocorrida em 19 de dezembro, é um tanto quanto óbvia, pois é a última de Obino como presidente do Grêmio. O Grêmio já chegara em Campinas rebaixado, com a lanterna assegurada, e com o recorde de derrotas numa mesma edição de campeonato brasileiro estabelecido. O resultado, portanto, apenas fechou com chave de ouro uma administração que começou com o ?Buraco do Amor?, passou pela maior humilhação já sofrida pelo Grêmio em toda a sua história (ela está relatada a seguir), pelo festa do Centenário sem títulos, pela poltrona 36 e terminou inapelavelmente na Série B.
Seria possível fazer um trabalho apenas com as dez maiores humilhações da gestão Obino. O Grêmio levara cinco anos para recuperar-se do primeiro mandato de Obino, mesmo assim, ele foi eleito para ser o presidente na festa do Centenário. Enquanto estava sob a batuta de Obino, o ?Tricolor? disputou 129 partidas oficiais, entre Estadual, Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana. Foram 37 vitórias (28,7%), 31 empates e 61 derrotas (47,3%). Nesse período, o Grêmio marcou 174 (1,35 por jogo) e sofreu 201(1,6 por jogo).Um baita presente de centenário para os seus milhões de torcedores.
1. Grêmio 0-2 Caxias, Olímpico (2003)
Gauchão (Primeira Fase, última rodada)
Grande partida sob o sol do meio-dia (!)
Enfim, a vencedora! O Grêmio começava 2003 na Libertadores. Era o ano do Centenário e o terceiro lugar no Brasileiro do ano anterior deixara a torcida confiante por mais um título. Concomitantemente, começou o campeonato gaúcho e mais uma fómula esdrúxula. As equipes que estavam na Série A e B (as duplas Gre-Nal e Ca-Ju) foram emparelhadas no mesmo grupo, disputariam duas vagas às semifinais em turno-e-returno. As outras duas seriam disputadas pelas demais equipes da Primeira Divisão. O Grêmio começou o Estadual em 1º de fevereiro, contra o Caxias, no Centenário: empate, 0-0. Logo depois (4/2), recebeu, pela Libertadores, o Pumas do México e venceu: 3-2, com um gol no último minuto. No domingo seguinte (9/2), Gre-Nal, o famoso Gre-Nal do Daniel Carvalho: derrota, de virada, por 2-1.
Uma semana de descanso e a terceira partida consecutiva em casa, Juventude (15/2): empate, 3-3, e a lanterna do Grupo ao final do turno. Na seqüência, Libertadores. Uma viagem à Montevidéu para enfrentar o Peñarol (18/2): empate, 2-2, após estar vencendo por 2-0 até os 40? do segundo tempo. Daí, seguiram dois jogos seguidos pelo Estadual - Juventude (22/2) e Internacional (9/3) - ambos fora. A próxima partida pela competição continental seria apenas em 13/3 e o Grêmio era líder do Grupo. A atenção estava toda voltada para o Gauchão ou, pelo menos, deveria. Contudo, a viagem à Caxias foi péssima, e a derrota por 2-1 obrigava o Grêmio a vencer o clássico para não ser eliminado. No Beira-Rio, a consagração colorada: a segunda vitória consecutiva em Gre-Nal na temporada, classificação assegurada e a eliminação do rival no Gauchão no ano de seu Centenário. E a ?cereja do bolo? ainda estava por vir.
Depois de vencer o Bolívar no Olímpico e manter a liderança na Libertadores, Grêmio e Caxias enfrentavam-se em Porto Alegre apenas pela honra já que ambos não aspiravam mais nada na competição. Se o ?Imortal? vencesse essa partida disputada em 16 de março, deixaria o ?Grená? na lanterna. Contudo, o que se viu foi um deprezo pela honra, um anúncio de como o futebol estava sendo tratado na Azenha. O Caxias passeou no Olímpico, venceu o Grêmio com hierarquia e naturalidade, sendo responsável pelo maior vexame, pela maior humilhação sofrida pelo ?Tricolor? em toda a sua história. O Grêmio terminou o Gauchão na lanterna, com míseros 11,1% de aproveitamento, e sem ter vencido nenhuma partida. A primeira obra-prima da gestão Obino provou-se ser a maior.
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