
Em busca do "elixir da juventude", mas sem abandonar o passado. É com essa filosofia que o Rio Grande, do interior gaúcho, tenta sobreviver no futebol brasileiro. O Vovô se esforça para preservar sua história e poder provar que é, sim, o clube de futebol mais antigo do país - e sem jamais interromper o esporte, como questiona a Ponte Preta. Também luta para voltar à elite do Campeonato Estadual, onde já foi até campeão e só participou uma vez nos últimos 35 anos.
Mas as dificuldades encontradas, como passa a grande maioria dos clubes que não recebe grandes investimentos, são muitas. Para manter vivo o seu passado, que teve início no século retrasado, o Rio Grande conta com o apoio da comunidade da cidade. Desde o centenário, a agremiação vem trabalhando para recuperar e organizar documentos, jornais, flâmulas, taças e o que mais ajude a contar a sua história.
A tarefa de conseguir se misturar de novo aos clubes da Série A gaúcha também é árdua. Sem entregar o time aos empresários, a diretoria tricolor busca outras soluções para que ele seja forte. A melhora na estrutura das categorias de base é um dos principais objetivos e onde estão sendo concentrados os maiores esforços.
História e polêmica
Quando o jovem alemão Johannes Christian Moritz Minnemann fundou o Sport Club Rio Grande, outros quatro clubes de futebol já existiam: o pioneiro São Paulo Athletic Club (1894), o Mackenzie College (1898), o Germânica (1899) e o Sport Clube Internacional (1899), todos em São Paulo. O departamento de futebol dos três primeiros já não existe mais, e o quarto foi extinto.
| Acervo do Rio Grande | |
|---|---|
| 3.700 | Registros de jornais |
| 1.700 | Documentos históricos |
| 1.230 | Fotos |
| 270 | Taças e troféus |
| 51 | Fitas de vídeo |
| 48 | Placas |
| 4 | Bolas |
| 15 | Medalhas |
| 47 | Flâmulas |
| 24 | Diplomas |
Flamengo (1895), Vasco (1898) e Vitória (1899) também são mais antigos do que o Rio Grande, mas não nasceram como clubes de futebol.
A grande polêmica mesmo é com a Ponte Preta. O clube de Campinas, fundado em 11 de agosto de 1900, ou seja, 23 dias depois do Rio Grande, alega que a agremiação gaúcha interrompeu o futebol no passado.
- A Ponte Preta é, sem dúvida alguma, o primeiro time do Brasil em funcionamento ininterrupto. Que eu saiba, o Rio Grande foi fundado primeiro, mas parou de participar de torneios e campeonatos, passou anos sem exercer a atividade - declarou o presidente da Macaca, Sergio Carnielli, via assessoria de imprensa.
O Rio Grande rebate. Garante ter documentos que comprovam que o clube sempre disputou campeonatos no Rio Grande do Sul.
- Hoje o clube tem uma fundação para preservar a sua história. Preservamos toda uma documentação organizada que comprova que o Rio Grande nunca deixou de funcionar, que sempre participou das competições da Federação Gaúcha - disse o vice-presidente do Tricolor, Emílio Louzada.
A Ponte Preta questiona a documentação que o Rio Grande diz ter.
- Cabe ao Rio Grande então apresentar publicamente esses documentos. A Ponte Preta não pleiteia o posto, ela efetivamente o tem, pois nunca interrompeu suas atividades no futebol e isso é fato público e notório - respondeu Carnielli.
Polêmicas à parte, o fato é que o Dia do Futebol no Brasil é comemorado justamente em 19 de julho. Singela homenagem da CBD (hoje CBF) em 1976 ao dia de fundação do Rio Grande.
- Além de todo o acervo que temos, no fim do ano passado o History Channel, através do programa Detetives da História, veio aqui em Rio Grande fazer filmagens para um documentário que foi exibido durante a Copa do Mundo. Eles também fizeram uma grande pesquisa e não viriam aqui se não tivesse motivo. Com a Copa de 2014 aqui no Brasil, a esperança que a gente tem é que essa história fique bem clara para todo mundo ver - comentou a responsável pelo acervo do Rio Grande, Helena Portela.
Volta à elite gaúcha, o grande sonho
Se o trabalho para manter a história está indo muito bem, no quesito desempenho esportivo o Rio Grande está devendo. O Tricolor disputou a Primeira Divisão do Gauchão pela última vez em 2000. Foi convidado pela Federação Gaúcha e não fez uma campanha para ser rebaixado. Entretanto, como era apenas um convite, o time teve que voltar à Segundona no ano seguinte. Antes disso, a última vez na elite foi em 1975.
Campeão gaúcho em 1936 em cima do Internacional, o Vovô tenta retomar as glórias do seu jeito, sem requisitar ajuda de empresários do meio e muito menos entregar comando do futebol a quem não tem nada a ver com o clube.
- A maior dificuldade é o problema financeiro. O futebol hoje em dia se concentra nas capitais, e os clubes menores que hoje conseguem bons resultados são de empresários. O Rio Grande é um time da comunidade, jamais foi alugado. Equipes como essas despontam e depois desaparecem. No momento, estamos melhorando a infraestrutura - disse Emilio Louzada.
A situação atual não é muito diferente dos últimos anos. Na Segundona de 2010, o Rio Grande conseguiu ir até a terceira fase, mas não se classificou para a quarta e penúltima depois de ficar em terceiro na Chave 7, atrás de Lajeadense e do rival local, o São Paulo.
O jeito é esperar 2011. Enquanto isso, o trabalho é forte para estruturar o clube. Já são sete campos suplementares e tem mais por aí.
- Estamos com dois projetos de renúncia fiscal: um de R$ 2 milhões para o atletismo, já aprovado pelo Ministério do Esporte, e um de R$ 1,7 milhão para o vôlei. Esses investimentos nos darão oportunidades para melhorar as acomodações, o que vai ajudar o futebol também - explicou Emilio.





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